As férias escolares chegaram e, com elas, a tão esperada pausa na rotina intensa de horários, trabalhos de casa e compromissos. Mas será que isso significa deixar tudo livre? Para muitos pais, o desafio é equilibrar o descanso merecido com a manutenção de alguma ordem no dia a dia das crianças. E isso é mais importante do que parece.
Digam SIM às férias e NÃO ao caos. Desregular completamente os horários do sono, das refeições e até mesmo os limites de tela pode até parecer inofensivo nos primeiros dias, mas a longo prazo, esse descontrolo gera impactos importantes no humor, no comportamento e até na saúde física das crianças.
As crianças precisam de previsibilidade. Quando sabem o que esperar do dia, sentem-se mais seguras e emocionalmente organizadas. Quando tudo passamos ao “tanto faz”, o corpo e o cérebro entram em alerta. O resultado é mais agressividade, birras, dificuldades de concentração e uma ansiedade que muitas vezes os adultos não conseguem controlar.
Por isso é preciso manter alguma rotina nas férias, mas sem rigidez. Não estamos a falar de um cronograma cheio de atividades, mas de preservar algumas âncoras importantes no dia a dia da criança:
- Horário para acordar e dormir (mesmo que mais flexível)
- Refeições em família, com pausa e conexão
- Rotinas de autocuidado (higiene, organização do espaço, pequenas responsabilidades)
- Limite de telas com momentos offline intencionais
- Tempo livre estruturado (brincadeiras, passeios, leitura, descanso)
As férias são sim um tempo de descanso, de reconexão com a família e com o próprio ritmo, manter uma base de rotina ajuda a garantir que esse período seja leve, mas não desorganizado. Ao contrário do que se pensa, são os limites claros e as rotinas consistentes que criam o ambiente ideal para que as crianças se sintam verdadeiramente livres para brincar, descansar e aproveitar.
E quando os pais estão a trabalhar?
Se o seu filho está em casa, sozinho se for mais velho ou sob os cuidados de outra pessoa enquanto você segue com o trabalho, vale a pena organizar com ele (mesmo os mais pequenos) uma “rotina de férias”, “uma grande lista de possibilidades. Pode ser com desenhos, bilhetes ou quadros visuais. O objetivo é dar previsibilidade, mesmo que os pais não estejam sempre presentes.
Priscilla da Matta
Psicóloga Clínica, especialista em Aconselhamento Parental
Consultas disponíveis na Psike Figueira da Foz