Vivemos num ritmo acelerado, onde o tempo livre é muitas vezes visto como tempo perdido. Mas, na infância, o tempo livre é fundamental pois é um período essencial para o equilíbrio e o crescimento saudável das crianças ao nível emocional, físico e mental.
Durante o ano letivo, as crianças vivem sob uma grande pressão: horários rígidos, tarefas escolares, atividades extracurriculares e por isso as férias surgem como uma pausa vital. E as férias ajudam a reduzir este stress, melhoram o sono e permitem ao cérebro integrar o que foi aprendido. São, no fundo, um momento de recuperação natural do desenvolvimento.
Além disso, é nas férias que o brincar livre volta a ganhar mais espaço. Sabemos que este tipo de brincar estimula a criatividade, fortalece a autonomia e desenvolve a inteligência emocional da criança. Brincar sem o adulto a dirigir é uma forma de a criança explorar quem é, o que sente e do que precisa.
As férias são também um tempo precioso para a reconexão familiar. Longe da azáfama do dia-a-dia, podemos estar mais presentes, criar memórias simples e reforçar o vínculo emocional. Não é preciso muito, apenas tempo de qualidade e atenção genuína.
Assim, enquanto a escola desenvolve sobretudo o lado cognitivo, as férias alimentam as outras dimensões igualmente importantes para a criança, como a exploração do corpo, das emoções, do silêncio, do tédio criativo e da ligação à natureza.
Mas e os pais? Estes são desafiados a também pausar da sua azáfama e simplesmente usufruir com tranquilidade de momentos com os seus filhos. Talvez as férias nos tragam uma oportunidade: a de voltar a olhar para a infância com leveza, de educar sem pressa, só pelo convívio e pela presença.
Filipa Marques
Psicóloga Especialista em Psicologia Educacional

