Numa alusão ao “O conto da ilha desconhecida”, “José Saramago afirmou que “É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós”. Muitas vítimas de violência doméstica só percebem que estavam numa relação violenta quando saem dessa relação. É frequente os/as agressores/as recorrerem a estratégias insidiosas de manipulação e de controlo, pelo que nem sempre a vítima reconhece que, aquilo que vive, é abusivo. Estas formas nocivas de relação, marcadas pela desigualdade de poder, assumem muitos contornos, que podem ir desde o abuso psicológico e emocional, físico, sexual e financeiro, até à perseguição. Devido ao ciclo da violência, caracterizado por momentos de tensão, seguidos de outros de “lua-de-mal”, a vítima vai ficando, progressivamente mais frágil e isolada, chegando a duvidar de si própria e da sua realidade; com o seu amor-próprio diminuído, vai perdendo a sua paz e a sensação de domínio sobre a sua vida. É então que podem surgir vários problemas associados à perda de saúde mental, nomeadamente sintomatologia depressiva e ansiosa, que afetam igualmente a saúde física a dificultam a possibilidade de viver de um modo pleno e satisfatório. Se sente que pode estar a ser vítima de violência doméstica, saiba que não está sozinho: procure um psicólogo especialista nesta matéria e dê um novo rumo à sua vida.
Tânia D’Oliveira
Psicóloga Clínica e da Saúde