A Terapia Narrativa é uma ferramenta terapêutica importante e de grande valor no trabalho com crianças e adolescentes. Todos nós construímos histórias que dão significado e sentido às nossas vidas; estas histórias constituem lentes de interpretação da realidade e incluem valores individuais, sociais e culturais.
Em contextos terapêuticos, durante muito tempo, houve uma identificação da pessoa com o problema que trazia para consulta e um foco na doença; a Terapia Narrativa veio oferecer uma perspetiva diferente: as pessoas são consideradas autores das suas experiências, são encaradas como peritos, que têm o poder de alterar as situações que consideram problemáticas, adotando estratégias discursivas que assentam, predominantemente, na externalização.
As crianças e os adolescentes têm a capacidade de colocar os problemas “fora de si” e de perceber que, dessa forma, podem elaborar, de uma forma criativa, aquilo que as/os aflige. Tomemos por exemplo, os livros “Pôr o medo a fugir: as aventura de Joana contra o medo” (livro infantil, editado pela Campo das Letras) e “Pôr o medo a fugir: as tuas aventuras contra o medo” (bloco de atividades, editado pela Quarteto): ambos constituem recursos terapêuticos muito ricos, que ajudam as crianças a lidar com a ansiedade. Nestes casos, as crianças aprendem a dar um nome aos medos, a desenhá-los, a dar-lhes uma data de nascimento e assim podem trabalhar, de um modo divertido, situações que as preocupam.
Neste contexto, parte-se do princípio de que a matéria prima da terapia é a narrativa e que o trabalho terapêutico assenta na desconstrução e reconstrução de histórias. A imposição é eliminada e substituída pela inovação e pela construção partilhada. O trabalho terapêutico com crianças e adolescentes, conhece assim, uma nova abordagem criativa e colaborativa, que é muito enriquecedora.