“O telemóvel é meu, é a minha intimidade!” — Será mesmo?
Dias atrás, durante uma consulta, uma criança de 10 anos respondeu-me com firmeza e naturalidade quando lhe perguntei se os pais tinham acesso à palavra-passe do seu telemóvel:
“Claro que não. O telemóvel é meu, é a minha intimidade.”
A forma como disse isto arrancou-me um sorriso — parecia um adulto em miniatura, cheio de certezas sobre direitos e privacidade. Mas por trás dessa resposta está uma questão séria: de onde vem essa ideia? Será que, em nome do respeito e da autonomia, os pais estão a permitir demasiado cedo que os filhos tenham liberdade total num mundo digital que nem os próprios adultos dominam completamente?
Vivemos tempos desafiantes. As crianças de hoje crescem com um dispositivo nas mãos que lhes dá acesso irrestrito ao mundo — ao real, ao falso, ao seguro e ao perigoso. Mas será que têm maturidade para distinguir esses limites? E será que os pais estão a acompanhar esse processo com o cuidado necessário?
A responsabilidade é dos adultos — e não pode ser delegada
A verdade é que uma criança de 10 anos não tem estrutura neurológica, emocional nem experiência de vida suficiente para lidar com as consequências dos seus próprios comportamentos online. E é por isso que a responsabilidade legal e moral recai sobre os pais — que precisam de estar presentes, atentos e envolvidos.
Mas como fazer isso sem invadir, controlar ou cair em métodos autoritários?
Exercer um controlo positivo da vida online do seu filho não é tarefa fácil, especialmente quando parece ser valorizada uma maior liberdade e autonomia das crianças. Então como exercer o papel de pai, respeitando a privacidade do seu filho?
Se está atualmente a lidar com estas dificuldades, o Aconselhamento Parental pode ajudar! Através desta ajuda especializada, conseguirá aprender a fazer uma monitorização positiva, que irá ajudá-lo a desenvolver um conjunto de atitudes que protegem a saúde mental dos filhos.
O que é a monitorização positiva?
A monitorização positiva envolve o esforço ativo dos pais para:
● Conhecer as rotinas, amizades e interesses dos filhos;
● Fazer perguntas com regularidade e abertura;
● Estabelecer regras e limites claros sobre o que é permitido e o que não é — com espaço para escuta e negociação.
O telemóvel de uma criança não pode ser “território privado”. Os pais devem sim conhecer as senhas, os conteúdos, as conversas — não por desconfiança, mas por cuidado.
Priscilla da Matta
Psicóloga Clínica, especialista em Aconselhamento Parental
Consultas disponíveis na Psike Figueira da Foz