O neurodesenvolvimento refere-se ao processo de desenvolvimento do sistema nervoso e decorre desde a gestação até à fase adulta. Este pode ser influenciado por diversos fatores, tais como, fatores genéticos e ambientais, sendo que, quando existe uma alteração neurobiológica do desenvolvimento típico da criança, estamos perante uma Perturbação do Neurodesenvolvimento. Estas incluem:
- Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) – é caracterizada por ser uma condição, de origem neurológica, que compromete a interação social, a comunicação vernal e não-verbal e o comportamento restritivo e repetitivo. Atualmente, verificamos que o espetro do autismo é cada vez mais vasto, o que significa que cada criança com este diagnóstico apresenta características muito diversificadas.
- Perturbação de Défice de Atenção e Hiperatividade (PHDA) – apresenta como principal característica o comportamento disruptivo causado por impulsividade, desatenção e hiperatividade;
- Sindrome de Down – é uma perturbação genética que tem origem numa alteração cromossómica. Apresenta alguns aspetos comuns de indivíduo para indivíduo, nomeadamente a incapacidade intelectual, as características faciais, problemas cardíacos e gastrointestinais;
- Atraso Global do Desenvolvimento – é diagnosticado quando as crianças não atingem o desenvolvimento expectável para a sua faixa etária e, pelo menos, dois dos cinco domínios do desenvolvimento estão afetados. Entende-se por domínios do desenvolvimento as competências cognitivas, competências sociais e emocionais, competências de fala e linguagem, competências motoras globais e finas e atividades de vida diária;
As Perturbações do Neurodesenvolvimento podem ser notadas desde o nascimento ou manifestarem-se mais tarde, tendo impacto ao nível de várias competências como cognição, comunicação e linguagem, motricidade fina e global, processamento sensorial, atenção, socialização e comportamento. O que se traduz em desafios à sua participação na vida diária.
Neste sentido, o terapeuta ocupacional tem um papel crucial no desenvolvimento destas crianças, por ser o profissional por excelência que avalia e atua na promoção de uma maior autonomia e independência em todas as áreas de participação de vida diária. Este trabalho é feito com base em objetivos previamente delineados, em salas de intervenção dotadas de materiais específicos, e sempre em paralelismo com as famílias e com as escolas, de forma a adaptar e melhorar contextos e ajustar estratégias sempre que se entender necessário.
- Algumas das intervenções do terapeuta ocupacional nas perturbações do desenvolvimento são:
- Promoção da autonomia e independência nas atividades de vida diária;
- Desenvolvimento das competências motoras;
- Desenvolvimento das competências de motricidade fina;
- Desenvolvimento da capacidade de brincar;
- Melhoria do processamento sensorial;
- Desenvolvimento de capacidades de interação;
- Adaptações e modificações das tarefas e do ambiente;
É muito importante que seja feito um diagnóstico precoce para que a intervenção possa ir ao encontro da especificidade de cada caso e, consequentemente, minimizar os efeitos colaterais das perturbações em questão.