Em psicologia falamos muito de vinculação, mas afinal o que significa?
Segundo Bowlby a vinculação é uma relação emocional profunda e duradoura que liga uma pessoa a outra. Caracteriza-se como uma necessidade primária básica, surgindo assim que nascemos. Ou seja é uma necessidade tão forte e de igual importância como a alimentação e o sono.
As crianças estão predispostas a procurar nos seus cuidadores (pais) um porto seguro que lhes forneça amor mas acima de tudo conforto, cuidados e proteção e assim, serem capazes (ou não) de explorar o meio e aprender com ele, sabendo que se sentirem algum desconforto ou medo têm para onde “voltar”. Esta relação servirá de modelo para as relações futuras.
Em vinculações seguras, a criança sente que as suas necessidades foram correspondidas e por isso, por confiarem nos pais, podem explorar, brincar e expressar os seus sentimentos de forma livre.
Em vinculações inseguras (ambivalente, evitante e desorganizado), a criança sente que as suas necessidades foram respondidas de modo inconsistente ou negligente e de alguma forma se sentiram ignoradas ou rejeitadas, desconfortáveis ou até mesmo expostas a comportamentos violentos e abusivos. À medida que crescem, e tendo em conta as experiências passadas, tendem a percecionar o mundo e os outros como imprevisíveis e como uma fonte de perigo, negligenciando relações futuras.
Então, o estilo de vinculação de uma família influenciará as relações dentro dessa, não esquecendo que o temperamento da criança é também outro fator muito revelante de previsão do tipo de vinculação.
Crianças com PHDA são um desafio para os seus cuidadores, na medida em que são bastante irrequietas e agitadas, muitas vezes desobedientes e dificilmente ficam satisfeitas. Por isto mesmo é fácil perceber que as relações entre pais e filhos são mais conflituosas, existindo níveis de stress parental mais elevados e onde as competências parentais podem estar comprometidas e/ou fragilizadas.
Apesar de os estudos não serem concretos do que influencia o quê, se a Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção define o tipo de vinculação ou vice-versa, famílias com uma criança diagnosticada com PHDA têm maiores dificuldades na obtenção de relações de qualidade.
Uma leitura multidimensional da criança e da sua família, que tenha em conta as relações, pode demonstrar-se muito útil na compreensão e intervenção com crianças com PHDA.
Orlanda Dias
Psicóloga Clínica