As perturbações alimentares correspondem a um conjunto de distúrbios que têm como denominador comum uma preocupação exagerada com o peso corporal, que gera comportamentos alimentares anómalos, com prejuízo para a saúde. Envolvem emoções, atitudes e comportamentos excessivos em tudo o que se refere ao peso e à comida. São, por isso, perturbações de natureza emocional e física que podem colocar a vida em risco.
Existem diversos tipos de perturbações alimentares, mas os três tipos fundamentais são a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar periódica.
- Na anorexia nervosa, existe uma distorção da imagem corporal na qual o paciente se vê com excesso de peso mesmo quando já se encontra num estado muito avançado de magreza. Estes doentes recusam-se a comer, realizam exercício físico de forma compulsiva e vão perdendo peso em grandes quantidades, colocando a sua vida em risco;
- Na bulimia nervosa, os pacientes ingerem grandes quantidades de comida e depois eliminam as calorias ingeridas através de laxantes, clisteres, diuréticos, pelo vómito e pelo exercício físico. Todos estes comportamentos são realizados em segredo e existe um forte sentimento de culpa e de vergonha após o ato de ingestão de alimentos. No entanto, ele repete-se porque permite aos pacientes aliviar toda a tensão e a carga emocional negativa que sentem quando o estômago está de novo vazio;
- No transtorno da compulsão alimentar periódica, do mesmo modo que na bulimia, existem períodos de ingestão descontrolada de alimentos, mas, neste caso, os pacientes não eliminam o excesso de calorias.
Ocorrem mais frequentemente no género feminino, representando 90% dos casos. A sua prevalência é baixa, variando de 0,5% a 4,2%. Mesmo assim, são consideradas como uma das perturbações mais comuns entre mulheres jovens. Contudo, o género masculino é igualmente vulnerável.
Inevitavelmente, as perturbações alimentares causam diversos problemas de natureza física. A anorexia associa-se à anemia, osteoporose, lesões cardíacas e cerebrais. A bulimia pode causar desgaste das peças dentárias, refluxo gástrico e enfarte do miocárdio. No transtorno da compulsão alimentar periódica encontra-se uma maior incidência de hipertensão arterial, doença cardiovascular, diabetes e obesidade.
É importante ainda saber que as perturbações alimentares se associam a outros distúrbios mentais, como a depressão, a ansiedade e o abuso do consumo de substâncias químicas.
O tratamento deve ser iniciado o mais precocemente possível. Quando mais tardio for, mais difícil será alcançar bons resultados. O papel do psicólogo ou psiquiatra é essencial para um tratamento eficaz das perturbações alimentares.
Sempre que um comportamento alimentar se revelar negativo para a vida da pessoa ou para a imagem que ela tem de si mesma, é essencial recorrer a um profissional de saúde mental para impedir a progressão e agravamento do problema.
Paula Figueiredo
Psicóloga Clínica