Passam despercebidos durante muito tempo. Escondem-se por detrás de uma série de “nãos”, que mais não traduzem do que evitamentos. Evitam estar em contacto com eles e/ou elas por desencadearem aquelas nuvens negativas sobre as suas cabeças e um súbito terror. São eles que tem medo de não causar uma impressão positiva ou de serem avaliados negativamente pelos outros em situações sociais. Tem Ansiedade Social.
A ansiedade social é um dos quadros clínicos mentais mais comuns. Carateriza-se por um medo intenso de situações sociais em que o individuo está exposto à avaliação de outros. As situações são, assim, evitadas ou enfrentadas com ansiedade e medo, uma resposta desproporcional à realidade e causadora de sofrimento e disfuncionamento diário. Numa situação social, o medo do que os outros possam pensar produz pensamentos focados na ideia de fracasso e falta de competência, desencadeando tremores, rubor, sudação ou palpitação cardíaca, que para eles são de grande
visibilidade para os outros e conduzem às ditas avaliações negativas.
Evitar o contacto com os outros é a estratégia por excelência, pois parece afastar o medo. Mas quando não se pode evitar? Aí, parece nascer espaço para a teatralização e embarca-se num ciclo de “batotices” que visa o disfarce. Não ter fome quando se está em público (para não deixar cair comida, engasgar-se ou vomitar), sede (para não tremer com o copo ou engasgar-se) ou necessidade de ir ao wc (para não ser observado ou ouvido), assim como, não ter uma opinião sobre as coisas (para não dizer asneiras ou mostrar falta de cultura), utilizar camisolas de gola alta (para esconder a boca e não tornar claro o que é dito) ou casacos de inverno em pleno verão (para esconder o suor) são, por exemplo, alguns dos comportamentos de segurança mais utilizados para evitar uma suposta avaliação negativa por parte dos outros e, consequente humilhação e diminuição do seu estatuto social.
Todavia, o efeito parece contrário: quanto maior o esforço para diminuir a visibilidade dos sintomas, mais forte fica o medo. Os comportamentos que parecem diminuir a vivência de ameaça e o risco de serem avaliados negativamente não só impedem a desconfirmação dos pensamentos irrealistas acerca da forma como os outros interpretam os comportamentos receados, como o efeito que têm no comportamento receado aumenta a probabilidade de este vir a ocorrer.
Portanto, parece montar-se um ciclo de “batotices” que em nada auxilia na resolução desta dificuldade, o receio de não causar uma impressão positiva ou de ser avaliado negativamente pelos outros em situações sociais.
Não paralise a sua vida! Não deixe de viver!
Fabiana Tomé
Psicóloga Clínica