O conceito de consciência fonológica é a capacidade que a criança possui para compreender e, principalmente, refletir sobre a estrutura sonora da língua. O conceito refere-se à capacidade de facilmente identificar e manusear conscientemente as unidades da linguagem oral. Ao adquirir esta consciência, a criança percebe que as palavras são segmentáveis em sílabas e fonemas.
Em suma, podemos concluir que a consciência fonológica é a capacidade que a criança tem de pensar na palavra e compreender que esta pode ser composta por elementos menores que podem ser combinados de diferentes formas, alterando o significado da palavra. A informação fonológica é utilizada para o processamento da linguagem oral e escrita.
O papel da linguagem, mais especificamente, da consciência fonológica tem sido um dos temas mais presentes nos últimos anos no que respeita à aprendizagem da leitura e da escrita. Segundo Freitas, Alves & Costa (2007), um dos passos cruciais na iniciação à leitura e à escrita consiste na promoção da reflexão sobre a oralidade e no treino da capacidade de segmentação da fala encadeada (segmentar o contínuo sonoro em frases, as frases em palavras, as palavras em sílabas e estas nos sons que as compõem). A capacidade de manipular explicitamente os sons da fala determina em grande medida o processo de aprendizagem da leitura e escrita e contribui para o desenvolvimento da consciência dos sons da própria linguagem verbal oral (Ventura, Figueiredo, & Capelas, 2019).
A consciência fonológica e a aprendizagem da leitura e da escrita são hoje aspetos entendidos como mutuamente dependentes (Guaresi, Oliveira, Oliveira, & Teixeira, 2017). Quando a criança ainda não conhece os nomes e/ou sons das letras na escrita, por vezes, revelam dificuldades em fazer corresponder as letras aos sons da produção oral das palavras. No entanto, gradualmente e com o resultado da maturação do sistema fonológico e do desenvolvimento da consciência fonológica, as crianças começam a entender que cada grafema (letra) corresponde a um ou mais fonemas (sons). Desta forma, é crucial a promoção de competências de consciência fonológica, pois estas estão inerentes à compreensão da relação existente entre os sons (fonemas) e as letras (grafemas).
Morais J. (1997) diz-nos que a “capacidade de analisar de forma intencional a fala em fonemas” está inteiramente relacionada com a “aprendizagem da leitura no sistema alfabético”.
Muitos autores consideram que o desempenho das crianças em determinadas tarefas de consciência fonológica é indicador do seu sucesso ou insucesso na aquisição e desenvolvimento da leitura e escrita (Guimarães, 2003).
Andreia Amaro
Terapeuta da Fala
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Cunha , S. M. (2011). A APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA – FACTORES PEDAGÓGICOS E COGNITIVOS . Lisboa: Escola Superior de Educação Almeida Garrett .
Freitas, M., Alves, D., & Costa, T. (2007). O conhecimento da Lingua: Desenvolver a Consciência Fonológica. Ministério da Educação Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular.
Guaresi, R., Oliveira, E., Oliveira, J., & Teixeira, L. (2017). A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E O VOCABULÁRIO NO APRENDIZADO DA LEITURA E DA ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO.
Guimarães, S. (2003). Dificuldades no Desenvolvimento da Lectoescrita: O papel das Habilidades Metalingüísticas. Psicologia: Teoria e Pesquisa.
Sim-Sim. (1998). Desenvolvimento da linguagem. Lisboa: Universidade Aberta.
Duarte, I. (2008). O conhecimento da Língua: Desenvolver a Consciência Linguística. Lisboa: Ministério da Educação.
Morais, J. (1997). A arte de ler: Psicologia cognitiva da leitura. Lisboa: Edições.
Maria Dias. (2013). O papel da consciência fonológica nas Dificuldades Específicas de Leitura e Escrita (DELE): na perspetiva dos docentes do 1.o CEB. 128.